CEARÁ AUTORIZA DATA CENTER DO TIKTOK A CONSUMIR ÁGUA SETE VEZES ACIMA DO PREVISTO
Foto: Divulgação
O Governo do Ceará autorizou a ampliação expressiva do consumo de água pelo data center do TikTok instalado em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. A liberação elevou o volume diário de água de 19,7 mil litros para 144 mil litros, um aumento superior a sete vezes em relação ao que estava previsto no licenciamento ambiental inicial.
A medida acendeu um sinal de alerta entre ambientalistas, especialistas em recursos hídricos e moradores da região, principalmente porque o Ceará enfrenta um histórico crítico de escassez hídrica. Em 16 dos últimos 21 anos, o estado registrou períodos de estiagem severa, com impactos diretos no abastecimento humano, na agricultura e na atividade industrial. O temor é de que a ampliação do consumo por uma megainstalação tecnológica pressione ainda mais os mananciais já sobrecarregados.
Data centers, como o que atende à operação do TikTok, demandam grandes volumes de água principalmente para o resfriamento dos servidores, necessários para manter em funcionamento estruturas que processam e armazenam volumes massivos de dados. Em regiões de clima quente e semiárido, como ocorre no Ceará, esse tipo de empreendimento exige atenção especial por elevar o consumo em períodos de maior vulnerabilidade hídrica.
Entidades ambientais questionam os critérios técnicos adotados para autorizar o aumento e cobram maior transparência nos estudos de impacto ambiental. Há preocupação, ainda, com a possibilidade de o licenciamento ter sido flexibilizado para atender interesses econômicos em detrimento da segurança hídrica da população local. Para críticos, a decisão abre precedente perigoso ao permitir que grandes corporações ampliem o uso de recursos naturais escassos sem debate público amplo.
Outro ponto que gera controvérsia é a ausência de informações detalhadas sobre medidas compensatórias, como reaproveitamento de água, uso de sistemas de resfriamento mais eficientes ou investimentos em infraestrutura hídrica local. Especialistas defendem que empreendimentos desse porte deveriam ser obrigados a adotar tecnologias de reuso e produção de impacto hídrico próximo de zero, sobretudo em estados marcados por ciclos prolongados de seca.
A discussão também passa por uma escolha política sobre qual deve ser a prioridade do poder público quando se trata da distribuição de um recurso essencial e limitado. Para ambientalistas, não é aceitável que grandes empresas tenham garantias de abastecimento enquanto comunidades inteiras ainda enfrentam racionamentos, dependência de caminhões-pipa e incertezas quanto ao fornecimento regular.
Embora o governo estadual defenda que o empreendimento gera empregos e fortalece o ambiente tecnológico no Ceará, especialistas alertam que desenvolvimento econômico não pode se sobrepor ao direito ao acesso à água. O caso de Caucaia, dizem, deve servir como alerta para a revisão de políticas de licenciamento ambiental e gestão dos recursos hídricos, especialmente diante das mudanças climáticas, que tendem a agravar a frequência e a intensidade das secas no Nordeste.
A autorização, sob escrutínio de órgãos ambientais e da sociedade civil, reacende o debate sobre o modelo de desenvolvimento adotado no semiárido brasileiro e sobre os limites entre incentivo econômico e preservação ambiental.
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